Farelo de Trigo

farelo de trigo

O Farelo de Trigo

O Farelo de Trigo é um subproduto da produção da farinha de trigo. Tem médio teor de proteína de alta solubilidade e altos teores de potássio e fósforo.

Sua principal característica é a alta palatabilidade.

É usado para todas as espécies animais.

Fontes alternativas de energia para bovinos leiteiros

Utilização de Farelo de Trigo e Caroço de Algodão.

Características do produto

Da produção da farinha de trigo para consumo humano resultam vários subprodutos, dentre eles o farelo, o gérmen e frações de aleurona do grão. Todos estes subprodutos são adequados para a alimentação animal, porém apenas o farelo de trigo tem importância comercial no Brasil. De cada tonelada de trigo processado, 70 a 75% é convertida em farinha e o restante, 25 a 30% é transformada em subproduto com uso potencial na alimentação animal.

Como o objetivo do processamento industrial é obter a farinha, esta basicamente constituída por amido, o farelo de trigo concentra quase a totalidade dos minerais e vitaminas dos grãos, com teores relativamente constantes.

A Tabela 1 apresenta a composição bromatológica do farelo de trigo. Sua proteína apresenta alta degradabilidade, e o alimento como um todo apresenta alta degradabilidade inicial quando comparado com outros subprodutos. Sua fibra apresenta efetividade mediana quando comparada com as forragens, porém mais alta que a maioria das fibras dos alimentos concentrados.

Tabela 1. Composição bromatológica média do farelo de trigo.

Desempenho de vacas leiteiras alimentadas com farelo de trigo

A literatura é carente em dados de comparação do farelo de trigo com outras fontes energéticas, especialmente o milho.

Apesar de ser grandemente empregado na alimentação de gado de corte, a quantidade de farelo de trigo que pode ser usada nas rações de vacas leiteiras ainda não está totalmente definida. Freqüentemente a quantidade usada é limitada a ¼ do concentrado, por questões ligadas a palatabilidade e ao desempenho animal. Com relação à palatabilidade, a peletização ameniza este problema em misturas com altas quantidades de farelo de trigo.

Por causa da alta digestibilidade, o farelo de trigo tem sido usado principalmente para substituir grãos de cereais. É comumente usado como fonte de energia e proteína em concentrados comerciais para vacas em lactação. A energia contida no farelo de trigo é similar à contida nos grãos; entretanto, a energia está na forma de fibra digestível e não na forma de amido. A proteína bruta do farelo de trigo é extensivamente degradada rúmen e promove poucos aminoácidos para o abomaso do que outras fontes de subprodutos de alta energia. Entretanto, a aparente baixa energia contida no farelo de trigo comparado com o milho era contrabalançada pela variação benéfica na ingestão de forragem e/ou digestibilidade.

O consumo de vacas alimentadas com farelo de trigo em substituição ao milho em até 60% tende a ser igual ao observado nas dietas controle, formuladas com base em farelo de soja, milho moído e silagem de milho Por outro lado, em relação ao refinasil e a casca de soja, o consumo tendeu a ser diferente. Entretanto, quando o farelo de trigo substituiu substancialmente a forragem (15%), houve aumento no consumo.

Vacas que recebem dieta com farelo de trigo podem apresentar maior concentração ruminal de amônia do que vacas recebendo dieta alta em forragem. A concentração foi sempre acima de 11 mg/dL, sendo adequado para síntese de proteína microbiana e digestão do alimento. Também, a digestibilidade do nitrogênio aumentou de 55 para 61,9% quando o farelo de trigo esteve presente na dieta.

Em substituição ao milho, a produção de leite se manteve inalterada com a utilização de farelo de trigo em até 45% do concentrado. Quando a inclusão foi entre 45 e 60% a produção de leite reduziu. Em combinação com refinasil e casca de soja com dois níveis de farelo de trigo na dieta, a produção de leite foi mantida, embora a teor de gordura tendeu a diminuir.

O teor e a produção de gordura do leite aumentaram linearmente à medida que se aumentou a proporção dos subprodutos farelo de trigo, grãos destilados e caroço de algodão, associados a diferentes níveis de milho de alta umidade. Entretanto, a maior percentagem de gordura do leite foi observada quando se forneceu dieta sem subprodutos e com baixo teor de milho de alta umidade. Por outro lado, outros estudos não observaram efeito sobre a produção e composição do leite em dieta contendo 22,38% de farelo de trigo com igual quantidade de casca de soja, farelo de glúten de milho ou 34,5% de milho moído. Alguns estudos demonstraram tendência para maior teor de gordura para vacas consumindo casca de soja em relação ao farelo de trigo. A lactose e os sólidos totais desengordurado tendem a serem maiores para a dieta com farelo de trigo.

Em estudo recentemente conduzido na Esalq (Tabela 2), observou-se que a substituição dos grãos de milho pelo farelo de trigo em dietas de vacas leiteiras em confinamento, produzindo em torno de 30 kg/leite/dia, com o nível mais alto de inclusão, foi desvantajosa. No entanto, no nível intermediário de substituição observou-se aumento na produção de leite, sem alteração nos parâmetros de composição do leite. Neste caso, quando o custo de aquisição do subproduto for competitivo em relação ao milho, sua utilização pode ser uma alternativa interessante em sistemas de produção de leite.

Tabela 2. Desempenho de vacas leiteiras recebendo farelo de trigo na dieta

TRG 0= 20% milho moído fino; TRG 10= 10% milho moído fino + 10% farelo de trigo; TRG 20 = 20% farelo de trigo; Pr>F= probabilidade de haver efeito significativo entre os tratamentos; EPM= erro padrão da média; LCG 3,5= leite corrigido para teor de gordura igual a 3,5%; IMS= ingestão de matéria seca; NUL= nitrogênio uréico no leite. Pr>F= quando os números na coluna linear forem menores que 0.05 significa que existe diferença entre tratamentos (letras diferentes na linha).
Fonte: Pedroso et al. (2005).

Quando a palatabilidade não é problema, o farelo de trigo pode ser incorporado facilmente nas dietas de ruminantes, desde que seja viável economicamente, porém quando utilizado em grandes quantidades na dieta, o desempenho dos animais diminui. Portanto, as vacas alimentadas com dietas contendo grandes quantidades de farelo de trigo, poderão ser beneficiadas de adicional proteína não degradável no rúmen, especialmente durante o início da lactação. De maneira geral, o farelo de trigo pode constituir até 45% do concentrado ou 25% da dieta, sem afetar a produção e a composição do leite.

Na Tabela 3 é apresentado o resultado de um estudo realizado com vacas mantidas em pastagens tropicais manejadas no sistema rotacionado. Observa-se que a utilização de farelo de trigo não afetou a produção e composição do leite.

Tabela 3. Produção e composição do leite de vacas alimentadas com diferentes quantidades de farelo de trigo no concentrado.

Fonte: Martinez et al. Dados não publicados.

Caroço de Algodão


Características do produto

O caroço de algodão (Tabela 4), é um subproduto do beneficiamento do algodão em caroço para extração da fibra de algodão. Este subproduto é disputado pela indústria moageira para a extração de óleo e produção de farelo e por pecuaristas para o fornecimento aos animais na forma integral. O beneficiamento de 100 kg de algodão em caroço resulta em 39 kg de pluma, 61 kg de caroço.

Tabela 4. Composição do caroço de algodão

O caroço de algodão é um alimento com características particulares, pois contém alto teor energético característico de alimentos concentrados ao mesmo tempo em que é rico em fibra efetiva, comum aos alimentos volumosos. Além desses nutrientes o caroço é boa fonte de proteína e rico em óleo e fósforo, conforme apresentado na Tabela 4.

O alto teor em óleo do caroço, ao mesmo tempo em que confere a este subproduto alto valor energético, impõe limites à sua inclusão na dieta, uma vez que a fermentação ruminal e o crescimento microbiano podem ser afetados negativamente por teores elevados de gordura insaturada no rúmen. Outro fator importante a se considerar é o alto teor em gossipol do caroço e do farelo de algodão.

Desempenho de vacas leiteiras alimentadas com caroço de algodão

Os ácidos graxos dos lipídios contidos no caroço do algodão quando em doses altas no rúmen, prejudicam a atividade fermentativa de bactérias celulolíticas e fungos. A pesquisa relata que o número máximo calculado para a população de bactérias totais foi alcançado com 22% de caroço de algodão na dieta (base seca), com decréscimo a partir de 23%. Entretanto, em trabalho conduzido na Esalq não observou-se efeito negativo da inclusão na dieta de 34% de caroço de algodão no teor de gordura do leite. Isto sugere que não houve um efeito tóxico acentuado do alto teor de gordura na dieta com 34% de caroço na digestão de fibra, não reduzindo a digestibilidade da dieta, ao contrário do que ocorre quando se fornece igual quantidade de lipídios na forma livre.

A grande maioria dos trabalhos mostrou que ocorre redução no consumo com inclusão de caroço de algodão nas doses de 12 a 34% da MS da dieta em comparação com a dieta sem caroço. Apesar desta redução no consumo de MS, o consumo de energia não foi reduzido, em função do teor energético do caroço. Em contrapartida, também se pode encontrar relatos de estudos onde não encontraram efeito no consumo de MS de vacas em lactação quando incluíram caroço de algodão na dieta nos teores que variaram de 0 a 30% da MS da dieta.

Doses intermediárias de caroço de algodão geralmente não afetaram a produção de leite, ao passo que em alguns estudos, doses elevadas, acima de 25% da MS, reduziram a produção. Outros estudos entretanto, mostraram maior produção de leite corrigida para 4% e para 3,5% de gordura com o fornecimento de caroço de algodão.

Na maioria dos trabalhos houve aumento na produção de leite corrigida para 4% de gordura com a inclusão de caroço de algodão nas dietas. Em grande parte dos trabalhos observou-se queda na porcentagem de proteína do leite, mas devido ao pequeno aumento da produção de leite, houve pouca diminuição na produção total de proteína. Por outro lado, não relataram variações significativas nos teores de proteína do leite com o fornecimento de caroço de algodão.

Os resultados encontrados na literatura em relação ao teor de gordura do leite são controvertidos. De uma compilação de 13 estudos onde a inclusão de caroço de algodão na dieta foi entre 100 a 300 g/kg, o teor de gordura do leite aumentou em oito dentre 13 experimentos; entretanto somente em quatro o aumento foi significativo em relação à dieta controle.

Outro aspecto que tem sido relatado por afetar as respostas à suplementação lipídica é o tipo de volumoso utilizado. Em geral, em dieta com silagem de milho, a suplementação com lipídios ativos no rúmen, é questionável, pois muitos experimentos não tem obtido resultados favoráveis. Em alguns trabalhos ocorreu aumento na produção de leite, mas queda na porcentagem de gordura do leite, ou manutenção da produção de leite e decréscimo na porcentagem de gordura com a inclusão de caroço de algodão na dieta. Por outro lado, quando o caroço de algodão foi incluído em dietas de feno de alfafa, houve aumento na porcentagem de gordura do leite e na produção de leite.

No Brasil, três estudos avaliaram a adição de caroço de algodão em teores crescentes para vacas leiteiras, conforme se observa nas Tabelas 5, 6 e 7.

A Tabela 5 mostra que o caroço não reduziu a produção de leite e aumentou o teor de gordura do leite. No estudo apresentado na Tabela 5, as vacas foram alimentadas com silagem de milho como fonte de volumoso. As produções de leite foram máximas com as doses intermediárias de caroço de algodão. A inclusão de 24% reduziu o consumo e a produção de leite das vacas.

Tabela 5. Teores crescentes de CA para vacas leiteiras

Médias na mesma coluna, seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tuckey (P<0,05) Fonte: Martinez & Thomazin (1998)

Tabela 6. Efeito do caroço de algodão no desempenho de vacas leiteiras

1- Erro Padrão da Média
Fonte: Fernandes et al., (2000).

Tabela 7. Produção e composição do leite de vacas alimentadas com cana-de-açúcar e caroço de algodão

Valores seguidos de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05.
1 - Produção de leite (3,5% de gordura) = 0,4324*PL(kg)+16,216*gord(kg) (Tyrrel & Reid, 1965);
2 - Concentrado com 17% de caroço de algodão com energia para produzir 18 litros de leite.
3 - Concentrado com 17% de caroço de algodão com energia para produzir 21 litros de leite.
4 - Erro padrão da média;
5 - Probabilidade;
Fonte: Martinez et al. (dados não publicados)

No estudo de Fernandes (Tabela 6) pode-se observar que a medida que se aumentou o teor de caroço na dieta, houve uma tendência em reduzir a produção de leite. Por outro lado, o teor de gordura aumentou, fazendo com que a produção de leite corrigida não fosse diferente.

No estudo da Tabela 7, conduzido na Esalq, os autores avaliaram a inclusão de doses crescentes de caroço de algodão para vacas alimentadas com cana-de-açúcar como fonte de volumoso. A inclusão de 34% de caroço de algodão na dieta com cana-de-açúcar resultou em menores produções de leite, gordura, proteína, lactose e sólidos totais, bem como menores teores de lactose. Quando se adicionou 17% de caroço, a produção e a composição do leite não diferiram da dieta controle. O teor de nitrogênio uréico do leite foi maior na dieta com 34%, intermediária nas dietas com 17% e menor nas dietas sem caroço de algodão.

A produção foi afetada quando se substituiu o milho pelo caroço de algodão (Tabela 8) para vacas em pastejo.

Tabela 8. Produção e composição do leite de vacas alimentadas com diferentes níveis de caroço de algodão no concentrado e pastejando capim elefante, durante a estação chuvosa

Dados seguidos de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05.
1- Produção de leite corrigida para 3,5% de gordura; PL(3,5%) =
0,4324*PL(kg)+16,216*gord(kg) (Tyrrel & Reid, 1965);
Fonte: Martinez et al (no prelo)

A produção de leite diminuiu, provavelmente, pela menor eficiência do microbiota ruminal, comportamento evidenciado pelo efeito significativo no aumento da concentração de uréia no leite. Na dieta com 21% de caroço de algodão, o caroço substituiu completamente o farelo de soja, fonte de proteína verdadeira de alta qualidade. A proteína do caroço, por sua vez, é de alta degradabilidade ruminal. Ao somarmos a isso a redução no teor de amido na dieta com 21% de caroço, pode-se concluir que faltou energia para a utilização da proteína, aumentando assim a uréia no leite. A tendência observada para o teor de proteína do leite retrata bem esta alteração na qualidade da proteína fornecida para as vacas.

Outro fator que pode ter colaborado para a redução na produção de leite, produção de leite corrigida e aumento na concentração de uréia, é uma provável redução no consumo de matéria seca. Uma vez que o consumo de concentrado era individual e em quantidade fixa, a provável variação no consumo seria única e exclusivamente de forragem, tornando a dieta ainda mais rica em proteína e desbalanceada em termos de energia, principalmente em precursores gliconeogênicos. Isso também explicaria a redução no desempenho, aumentos nas concentrações de uréia e tendência para redução nos teores de lactose do leite.

Considerações finais

O farelo de trigo pode ser perfeitamente utilizado nas rações para vacas leiteiras.
Por outro lado, o caroço de algodão reduz a produção de leite quando adicionado acima de 20% da matéria seca da dieta.



farelo de trigo

Especificação do Farelo de Trigo

ItemValor
Proteína bruta15,00% mínimo
Fibra bruta10,00% máximo
Extrato etéreo03,50% mínimo
Matéria mineral06,50% máximo
Umidade13,00% máximo
Aflatoxina20 PPB máximo


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