Caroço de Aldogão

logística de algodão

O Caroço de Algodão

O caroço de algodão é na realidade a semente do algodão. Ele vem recoberto de pêlos curtos (fibras) chamados de línter, e possui uma casca escura e dura, sob a qual se esconde uma amêndoa, rica em óleo e outros nutrientes importantes, como proteínas, carboidratos e o gossipol.

O beneficiamento de 100kg de algodão em pluma resulta em:

  • 61kg de caroço
  • 26,23kg de farelo
  • 7,93kg de línter
  • 1,33kg de borra
  • 0,47kg de estearina

Rico em energia (óleo), proteína e fibra, esse resíduo da industrialização da fibra do algodão pode substituir o farelo de soja, de algodão e de trigo, mantendo as rações com níveis nutricionais exigidos por animais de alta produção e, em conseqüência, com maior teor de proteína e gordura no leite.

A análise do caroço de algodão revela a seguinte composição: 92% de matéria seca, 23% de proteína bruta, 20% de extrato etéreo, 24% de fibra bruta, 44% de fibra em detergente neutro, 4,80% de cinza, 0,21% de cálcio e 0,64% de fósforo.

Gossipol

O gossipol pode causar sérios problemas para animais monogástricos, como suínos e aves. Entretanto, para os bovinos (animais ruminantes) o perigo de intoxicações não existe, porque os microrganismos presentes no rúmen encarregam-se de anular os efeitos tóxicos dessa substância.

A partir de que idade os animais podem ser alimentados com o caroço de algodão?

Somente animais maiores que 3 ou 4 meses podem ser alimentados com caroço de algodão, porque antes dessa idade eles ainda não apresentam o rúmen (bucho) bem-desenvolvido.

Como esse alimento pode ser fornecido aos bovinos?

Para as vacas, o caroço de algodão é fornecido inteiro, sem necessidade de triturá-lo, misturado a outros alimentos em quantidades de no máximo 4kg/vaca adulta/dia. Para os touros, ele não deve ser utilizado por período prolongado na alimentação, porque pode afetar o desempenho reprodutivo desses animais.

Estudos científicos mostraram que o caroço de algodão misturado à ração em níveis de até 35% trouxe efeitos altamente benéficos, aumentando o teor de gordura e proteína do leite.

Exemplo de concentrado (ração) contendo 19% de proteína bruta e 81% de energia (NDT):

  • 61% de milho em grão
  • 35% de caroço de algodão
  • 02% de uréia
  • 01% de calcário
  • 01% de sal mineral

Para cada 2,5 litros de leite produzidos, utilizar 1kg dessa ração.

Como armazenar?

O produto deve ser armazenado em cima de estrados de madeira, evitando o contato com o chão e conseqüentemente a umidade, pois esta favorece o desenvolvimento de um fungo chamado Aspergillus flavus, que, produzindo micotoxinas, provoca riscos fatais de intoxicação aos animais.

O caroço de algodão deve ficar com a umidade em torno de 12%. Nessas condições, pode-se armazenar o produto por até mais de um ano na propriedade.

Desempenho de vacas leiteiras alimentadas com caroço de algodão

O caroço de algodão é comumente usado em rações de vacas leiteiras como fonte de fibra, energia e proteína. O alto teor de óleo do caroço de algodão é um atrativo, tendo em vista os requerimentos em alimentos com alta densidade energética de animais como as vacas de alto desempenho produtivo. A alta concentração de fibra do caroço é desejável para manter os níveis de fibra efetiva na dieta.

Sob certas condições, o caroço de algodão poderá ter elevada concentração de ácidos graxos livres no óleo. Isso ocorre tipicamente após período de chuvas torrenciais e tempestades tropicais que atrasam a colheita.

O aquecimento e alta umidade que se segue após uma tempestade, resultam em hidrolise enzimática dos ácidos graxos dos triglicerídeos, ocasionando elevada concentração de ácidos graxos livres.

Em outras situações, a qualidade do óleo piora durante a estocagem por causa da alta umidade do caroço, que leva ao aquecimento e desarranjo enzimático. Em casos extremos, o calor pode ser suficiente para reduzir a qualidade da proteína também.

Como definido pela Associação Nacional de Produtos de Algodão, o caroço de algodão com mais de 12% de ácidos graxos livres é considerado de baixa qualidade e é tipicamente vendido para alimentação de bovinos.

Estudos científicos mostraram que dietas contendo caroço de algodão com 12% de ácidos graxos livres, não alterou a digestibilidade da fibra, produção de leite ou composição do leite. Quando as dietas continham caroço de algodão com 18% de ácidos graxos livres, fornecido para novilhos Holandeses, observou-se aumento na proporção molar de acetato e propionato, mas a ingestão de nutrientes não foi afetada.

O efeito potencial na alimentação, de dietas contendo caroço de algodão com alta concentração de ácidos graxos livres não tem sido examinado a fundo. De uma maneira geral, suplementação com lipídios com alta concentração de ácidos graxos livres, reduz a digestibilidade da fibra e consumo de matéria seca de vacas em lactação. Aumento nos níveis de ácidos graxos livres insaturados no rúmen pode ter efeito tóxico sobre a flora microbiana, resultando em mudanças no padrão de fermentação normal do rúmen.

O óleo do caroço de algodão é 70% na forma insaturada, e a inclusão de alto nível de caroço na dieta de vacas em lactação (>15% da MS) têm sido demonstradas afetar negativamente a digestão da fibra. Um estudo realizado na Universidade da Geórgia, com duração de oito semanas, utilizando-se de 24 vacas Holandesas, testou três fontes de caroço de algodão diferindo quanto aos níveis de ácidos graxos livres. O perfil das dietas pode ser observado na Tabela 1.

Tabela 1. Composição química do caroço de algodão e composição bromatológica das dietas experimentais.

tabela01 AGL = Ácidos Graxos Livres.

O caroço de algodão do tratamento AGL-1 tinha uma aparência normal, acusando ter sido adequadamente estocado. Por outro lado, o caroço do tratamento AGL-2 apresentava-se descolorido, indicando que esse caroço tinha sido estocado com teor de umidade acima do desejado, resultando em aquecimento durante o armazenamento.

Observou-se que as vacas do tratamento AGL-2 apresentaram tendência a maior consumo de matéria seca, quando comparado ao tratamento controle e ao tratamento AGL-1. Outro trabalho de pesquisa, não observou esse comportamento quando o teor de AGL foi de 12. Por outro lado, dois trabalhos conduzidos com novilhos Holandeses, um com teor de AGL de 18% do teor de óleo, outro com banha com 42% de AGL, observaram aumento no consumo de matéria seca. Entretanto, quando se estudou a suplementação com óleo de soja com 50% de AGL, ou sebo com 15% de AGL e até 3,5% da dieta, o consumo dos novilhos não afetado.

A produção de leite foi similar entre os tratamentos. Entretanto, o teor de gordura foi afetado pelo teor de AGL. Os demais componentes do leite e a eficiência de produção foram similares, conforme apresenta a Tabela 2.

Tabela 2. Consumo de matéria seca, produção e composição do leite de vacas alimentadas com caroço de algodão com diferentes níveis de AGL no óleo.

tabela02

Estes resultados são consistentes com outros estudos encontrados na literatura. Sempre que se eleva o teor de AGL, a produção de leite é similar, com queda nos teores de gordura do leite.

Neste estudo, o pH ruminal foi similar entre os tratamentos estudados. A concentração de ácidos graxos voláteis tendeu a ser maior para a dieta AGL-2 em relação às outras duas. Não houve diferença quanto à proporção molar de acetato e propionato, mas a proporção molar de butirato tendeu a ser maior e a proporção de isobutirato foi maior para o tratamento AGL-2, conforme apresentado na Tabela 3.

Tabela 3. Efeito do aumento do teor de AGL no óleo de caroço de algodão sobre a concentração de ácidos graxos voláteis no rúmen.

babela03

Outros estudos mostraram resposta diferente das apresentadas aqui. Resposta cúbica, com valores intermediários para 8 e 18% de AGL e mais baixo para 14,7% de AGL na dieta.

É comum também na literatura, a constatação da diminuição da proporção de butirato em dietas contendo altas concentrações de AGL. Isso pode ser devido a uma redução na utilização desses ácidos graxos de cadeia ramificada para síntese de aminoácidos correspondentes, uma vez que a concentração de amônia era similar entre os tratamentos.

Sempre que se aumenta a concentração de AGL no caroço de algodão, aumenta-se o teor de uréia no leite, sugerindo aumento na degradação da proteína, promovida pelo caroço.

O caroço de algodão contém 70% de seu óleo na forma insaturada, e este é completamente hidrolisado a ácido graxo no rúmen, mas, quando o caroço de algodão é processado, e o óleo é rapidamente disponível, a fermentação ruminal é drasticamente alterada e a gordura do leite deprimida com mais intensidade.

Aumento da gordura dietética, geralmente tem diminuído a síntese de novo de ácidos graxos na glândula mamária, uma vez que os ácidos graxos provenientes da suplementação são diretamente incorporados na gordura do leite.

Considerações finais

O caroço de algodão geralmente tem preço competitivo em várias regiões do Brasil, sendo grandemente utilizado nas granjas leiteiras, proporcionando resultados satisfatórios em termos de custo de produção e desempenho dos animais.

Entretanto, o fornecimento de caroço de algodão com alto teor de ácidos graxos livres causa redução no teor de gordura do leite. Caso o caroço tenha sido estocado incorretamente, sofrendo aquecimento, o caroço também vai aumentar a concentração de isobutirato no rúmen.

De uma maneira geral, óleos com alto grau de insaturação, causam distúrbios na fermentação ruminal e digestibilidade da fibra, levando a baixa produção de acetato e síntese de gordura do leite.

Fonte: Journal of Dairy Science.

especificação caroço de algodão

Especificação do Caroço de Algodão

ItemValor
Proteína bruta22,00% mínimo
Umidade11,00% máximo
Extrato etéreo18,00% mínimo
Matéria seca89,00% mínimo
F.D.N. (fibra em detergente neutro)42,80% mínimo
F.D.A. (fibra em detergente ácido)35,85% mínimo
N.D.T. (nutrientes digestiveis totais)75,00% mínimo
Barracão de Caroço


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